quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Sr. Ausente



Sem dúvidas o sentimento mais profundo de todos nesta vida, vai além do medo da dor, o medo da agonia, pois qualquer medo inclui-se dentro do sentimento de existência. A busca pelo conforto, os desejos sexuais, a aventura de encontrar algo neste mundo mortal, está intimamente interligada a nossa dúvida sobre saber quem somos. A luta insistente em descobrir-se em vida é o que pude ver de cada ser humano, mais uma vez numa madrugada de insônia, que a presença em qualquer lugar nesse planeta é relativa a um tempo exclusivo (fechado em si). Neste mundo finito, não importa onde eu possa estar, eu nunca vou estar lá enquanto não souber para onde devo ir. A ausência da suave voz do Criador da existência, desanima os ânimos de existir a tal ponto que considerar-me ser um zumbi, não é equívoco algum. Por culpa da ciência da disponibilidade à morte em qualquer instante, a vida passa a não valer mais. Nenhum conforto reanima um coração recheado de finais felizes ou infelizes.

Foi quando me perguntei o que Zaratustra encontrou de verdade, eu só pude ver mentiras disfarçadas de verdades temporais. Não me restou nenhum prazer quando percebi que nenhuma figura imaginária se faz solidária para com a nossa dificuldade de compreender o real motivo de suas existências, nenhuma delas, nem Napoleão Bonaparte para os estrategistas conquistadores, nem Thomas Edson, Newton, Descartes, Freuld, Einstein, etc... até mesmo Jesus Cristo, cada qual para seus devidos intérpretes, nenhuma figura do passado restou para proteger suas verdades. Nenhum permanece fisicamente para desfazer as pseudo-verdades que são remanejadas ao longo das gerações.

Por motivo desta análise, o fato incisivo na minha existência, também deteriorou a minha presença. Não sou mais feliz como uma criança, me tornei um adulto triste, que clama em silêncio pela presença de uma força existencial externa que auxilie nas decisões, mas essa força se encontra relativamente desativada. De resto que me sobrou, foi na base da fé na vida após a morte. Do contrário, não importaria onde eu estivesse, eu nunca estaria lá.

Até quando eu manteria a infeliz imaturidade de sonhar em ser lembrado por pessoas que um dia também serão esquecidas ou mal interpretadas? É assim que me torno ausente. Não importa onde eu esteja, nunca estaria lá se não fosse pela fé. Poderia voar em unicórnios, poderia estar no corpo de um centauro, poderia ser uma das estrelas que um dia se apagarão, poderia ser admirado por 40 virgens, mas nada do que eu imagine faz mais sentido enquanto tenho a ciência da morte nas minhas mãos. Agora eu sei que não sou ninguém.

Agora meus olhos estão lacrimejando por não me sentir presente onde quer que eu esteja.
Que o verdadeiro Criador da esperança bendita e agraciada na vida eterna, que vem carregada de uma paz que nesta vida mortal eu não mereço, faça-se misericordioso para com uma miserável criatura a torná-la homem de verdade segundo a Tua vontade.

Só posso concluir com esta questão, e nada mais para nunca mais.
Até quando você gostaria de ser lembrado por pessoas que um dia serão esquecidas? Responda-me, Zaratustra.